terça-feira, 26 de julho de 2016

Lucio e o Fluminense cravado na pele

Lucio e Nina no primeiro Fla x Flu no Maracanã em 2015
Aos cinco anos Lucio Gomes ganhou a primeira camisa tricolor de seu pai, que apesar de não comparecer aos jogos sempre os ouvia em seu radinho, e tentou fazer a mesma coisa com o seu outro irmão. No entanto, este se transformou em botafoguense. E no final da história a grande alegria de Lucio é afirmar com muito orgulho que “a minha família é formada por Tricolores e alguns botafoguenses. Graças a Deus não tem mulambo”.

E o seu grande amor começou no dia em que seu pai lhe presenteou com o nosso manto tricolor.  

- Foi amor à primeira vista. Adoro mais o Fluminense do que muitas coisas em minha vida. Meu clube é prioridade, conta.

Meu amigo envergando nosso manto sagrado
 E ainda carrega na lembrança com grande carinho as duas vezes que seu pai o levou para ver o Fluminense jogar no Campo Grande Atlético Clube, em 1987.

- Nesse tempo o Campo Grande era quase imbatível. Era um time de subúrbio que jogava de igual contra um time grande. Assim descobri o que era estar junto daquela torcida maravilhosa a cantar para incentivar nosso tricolor, relembra.  

E quando ficou mais velho finalmente pisou no Maracanã e parou perto da torcida Young Flu, outra paixão, e se uniu ao nono núcleo de Santa Cruz. E foi nesta fase da adolescência onde Lucio fez de seu quarto um pequeno santuário para seu clube amado ao colar nas paredes inúmeros pôsteres com os times campeões e de alguns de seus ídolos.

- Mamãe brigava comigo e de nada adiantava. Eu pregava tudo e tinha várias relíquias enfeitando as paredes. Colecionava álbuns. Tinha um pôster do time de 1995 e o da Taça Guanabara de 1991. Era meu lugar de celebrar meu grande amor, conta sorrindo.

E meu amigo tem alguns rituais em dias de jogo e ele não sente vergonha nenhuma em confessar.

- Tenho uma camisa da sorte e dois bonés que ganhei de um amigo e são muito especiais. A camisa foi usada por um jogador reserva, que não me recordo o nome, num jogo contra o Grêmio em 2012. Fora a que minha esposa me deu de presente e uma grená, pela qual apaixonado. Alterno essas blusas para assistir aos jogos.

Super Ézio
E ele guarda no coração alguns nomes muito especiais de grandes craques que viu jogar. Cita Paulo Victor, Magno Alves, Marcão, Romário, Edmundo, Roger, a dupla Assis e Washington, o Coração Valente e Romerito. São caras que deram o sangue e honraram a camisa do Fluminense. E daria tudo para ver o Castilho em campo, tamanha a sua admiração. Agora seus olhos brilham quando fala o nome do Ézio.

- O maior de todos foi o Ézio. Ele chegou ao Fluminense numa fase difícil e honrou o clube e fez o que pôde. Deu-me muito orgulho e fez gritar com seus gols e ser feliz. Ele era emblemático e tinha muito carisma com a torcida. Sempre se superou. Ídolo é o cara que dá sangue pelo time, que briga, dá carrinho, vai suar a camisa honrar o escudo do clube. Meu Fluminense é raça, suor, sangue e lágrimas, comenta.

E tem outro ex-jogador que um apreço especial: o goleiro Fernando Henrique. Segundo ele, o arqueiro salvou o tricolor nos jogos disputados pela Copa Libertadores em, 2008. “Ele sempre tirou o time das enrascadas. Quando ia para o gol era com o coração, colocava o Fluminense nas mãos e nas chuteiras e levava a gente longe” analisa.
E é impossível para Lucio esquecer-se do amigo Marcão, que mora em seu coração. Quando o jogador saiu do Bangu e foi para o Fluminense era meia e como não teve a oportunidade de jogar na posição, empenhou-se em atuar como primeiro volante e se deu bem. De 1997 a 2007 honrou o Fluminense e teve um jogo contra o Botafogo, na Copa do Brasil, que foi inesquecível. O empate garantia a classificação do Flu para a próxima fase da competição e aos 47 minutos do segundo tempo, Marcão foi lá e marcou o seu.

- Um cara que sempre se doou e até hoje ele está lá. A minha maior mágoa da diretoria do clube foi quando eles trocaram o Marcão pelo Wellington Monteiro e o Igor. Penso o seguinte, quando você tem um funcionário excepcional você te que dar valor a essa pessoa, assim como fez com outros.

Nina, o afilhado Jhonata e Lúcio no Maracanã

Jogos inesquecíveis

Todo Fla x Flu para ele é importante já que considera o Flamengo o maior rival. E ao perguntar sobre um jogo épico ele afirma que não foi a final da Libertadores, que ele infelizmente não consegui ir, e destaca as semifinais da Libertadores e da Copa sul-americana.

- Agora teve um jogo que me marcou muito, durante a terceira divisão. O Fluminense jogou em Edson Passos e o time estava mal e a torcida levando o time, cantando, botando o time pra frente. Vencemos com um gol do Roger ou do Marcão, não me lembro, faz muito tempo.

Coisas que só os mais antigos puderam assistir. Ele diz que ser tricolor é uma mistura de emoções, que vai do sofrimento a alegria extrema.
- Essa nova geração meio modinha e cheia de “mimimi” não me agrada. Olho esses moleques de 18, 20 anos que não pegaram aquela fase. Tive que aturar piadinhas dos rivais, que nem sequer sabem da nossa história. Não consigo largar de mão, o Fluminense é meu maior vício.

E com certeza seu pior momento como tricolor foi o rebaixamento. Ele nunca achou que nosso clube passaria por tamanha humilhação por toda a grandeza que representa dentro do futebol brasileiro. 

- Nunca morri. Só que acho que isso foi pior do que a morte. Eu não acreditei. Em 1997 fiquei transtornado e em 1998 foi outra morte. É a pior dor que um torcedor tem. E ainda ter que ouvir que subimos no tapetão. Acho que consegui morrer duas vezes ao mesmo tempo, se isso é possível. No entanto minha paixão é maior do que tudo isso, sou louco pelo Fluminense.

O casal  Love
E por ser louco assim e ariano de natureza, Lucio conta com a ajuda da sua fada madrinha, a esposa Nina Garcia, que o acalma nas situações de risco. Ela prefere acompanhá-lo em dias de jogos por saber do pavio curto do marido.

- Ela não gosta que eu saia sozinho porque acha que eu vou brigar com alguém. E me acompanha sempre no Maracanã, num barzinho ou em casa. E se eu começar a viajar de novo, ela vai junto. Agora o mais legal foi ter transformado uma vascaína em tricolor. Acho que sou bom nisso. Ela ainda me sacaneia e diz que é “vasminense”. Corto logo a onda dela. “Tem isso não, amor você é tricolor”, conta brincando.

O Fluminense é a sua família e como esse amor foi passado de pai para filho é mais incondicional ainda e afirma que “hoje estou até mais calmo. Antes eu brigava com quem falasse mal, não tinha noção. Amadureci e aprendi a usar mais a razão. Ao menos tento. Só que o Fluminense está cravado na minha pele” diz.

E o que deseja para nosso Fluminense?

- Campeão do Mundo nós já somos, 1952. A FIFA não tem como negar. Agora eu quero a Libertadores e ser bi do mundial. Quero que o Fluminense ganhe o mundo. E também passar aqueles mulambos imundos no estadual. Parece que nossos presidentes não tomaram vergonha na cara e nos colocaram em segundo plano. Nós temos sempre que estar à frente do Flamengo em tudo. Dois estaduais atrás deles não engulo. Temos que ganhar mais três Brasileiros para passar esses imundos. Eles são nossos filhos, eles têm que nos aturar, não o contrário.

E sobre sua vida pessoal deseja o Fluminense conquiste o céu e levar meus filhos com seis meses para ver um jogo no Maracanã e diz que eu estarei lá junto com o casal para registrar o momento com direito a matéria e foto.

- Esse será meu legado e vou ensinar as meus filhos uma coisa importante que aprendi na vida: Nunca abandone aquilo que ama de verdade por pelas derrotas, finaliza meu parceiro tricolor.






3 comentários:

  1. Bom dia, maneiro Lucio, nossa paixão pelo maior clube do universo é feito de muitas emoções, essas aos extremos. Felicidades e S tc

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  2. Uma bela história e um belo texto, Carla Andrade!

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