Creio que minha amizade com
Carlos Dias estava escrita nas estrelas tamanha a afinidade que sempre tivemos
um pelo outro. Tudo começou no Facebook e o que nos uniu foi o amor pelo
tricolor. No entanto não foi apenas isso. Criamos um laço forte e de muito
carinho e amizade. Uma sintonia fina.
Até que numa bela tarde de
domingo, dia de jogo do nosso time do coração, nos esbarramos por acaso no
Maracanã. E nos reconhecemos de imediato e ali trocamos vários abraços e a
felicidade ficou estampada em nossos rostos.
E Carlos Dias, apelidado
carinhosamente por mim de “miguxo Love” tem uma bela história para
compartilhar. Seu padrasto era Tricolor
e como sempre o via assistir aos jogos com alegria contagiante ele, um menino
de 13 anos, passou a prestar atenção no clube. Nessa época ele já jogava umas
peladinhas na escolinha do Miguel Couto.
- As cores da camisa me chamaram
atenção e eu me encantei e dizia para o meu padrasto que ainda jogaria no
Fluminense. Me apaixonei aos pouquinhos e hoje se alguém fala mal eu fico
nervoso. Só quem pode criticar sou eu. É meu time do coração, conta.
É claro que seu padrasto ficou
bastante orgulhoso da sua escolha e o apoiava integralmente nos seus treinos. E por falar nesse sonho de
jogar no Fluminense, no ano de 1979 ele fez testes no Olaria, no América e no
Serrano de Petrópolis e passou em todos. Só que sua meta era o Fluminense. E
eis que chega o dia do seu teste no clube, onde ele pleiteava a posição de
goleiro.
- Chegando lá, Félix meu
ídolo e campeão da Copa do Mundo de 1970, disse que eu não tinha altura para
jogar. Fiquei revoltado, ele era menor do que eu. Como ele foi campeão sendo
menor e eu não tinha tamanho para ser goleiro do Fluminense?. Fiquei arrasado.
Voltei para casa e nunca mais fiz teste em clube profissional nenhum. Preferi
continuar com as minhas peladinhas, relembra.
Como seu sonho era ser
arqueiro ele cita Paulo Victor como seu grande ídolo.
-Ele agarrava muito e é um
ser humano sensacional. Inspirava-me muito nele. E já que o assunto é ídolo não
tenho como não mencionar o nosso eterno Casal 20. Eles eram maravilhosos dentro
de campo.
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Carlos e seu grande ídolo o goleiro Paulo Victor |
Sua primeira camisa foi
dada por um tio vascaíno que queria que Carlos torcesse pelo time da colina, só
que não tinha mais jeito. Seu coração já estava tomado de amor pelo Fluminense.
E ele conta com muita emoção
sobre a sua primeira ida ao Maracanã. Foi naquele Fla x Flu, de 1995, onde
Renato gaúcho fez a torcida enlouquecer com o seu icônico gol de barriga.
- Foi uma loucura, uma
mistura de sentimentos. Não sabia se ria, chorava, gritava, pulava, não sabia o
que fazer. E quando o jogo terminou estava num estado de êxtase tamanho que
permaneci dentro do estádio parado. Meus amigos me chamavam para ir embora e eu
só consegui sai do Maracanã quando todas as luzes se apagaram, relembra.
Outro momento marcante foi
assistir a final da Copa Libertadores, em 2008, onde o Fluminense disputaria o
título com a LDU. Isso depois de uma campanha magnífica onde venceu o Boca Juniors
e o São Paulo em jogos perfeitos.
- Nunca esquecerei. Eu
estava no trabalho e sai correndo para assistir o segundo tempo. Renato Gaúcho
mandou o time tirar o pé e deu no que deu. Chorei feito uma criança. Não
conseguia acreditar que depois de tanta luta aquilo estava acontecendo,
desabafa.
Aquele jogo da Copa do
Brasil, em 2007, também foi memorável. Nesta ocasião, ele trabalhava no Clube e
conta que aconteceram coisas surreais neste dia.
- Estava de plantão e os
jogadores queriam sair das Laranjeiras e a torcida não deixava. Tirei Fernando
Henrique e o Ricardo Berna pelo parquinho do clube. Foi uma coisa de louco e
que sempre levarei na memória.
Meu amigo trabalhou treze anos
em seu cube do coração e segundo ele “foram os melhores anos de sua vida”.
Nesse momento percebo que sua
voz fica embargada de emoção, embora ele tente seguir com a entrevista.
- Cheguei lá como fiscal
de acesso, fui promovido várias vezes. Dei a minha vida, meu coração, me
dediquei integralmente ao clube que movia com a minha paixão. Era sensacional
conviver com a torcida, jogadores, trabalhar nos dias de jogos. Aproveitei
muito, foi o melhor lugar que trabalhei, conta.
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Carlos Dias com sua família nas Laranjeiras |
Com a chegada de Peter que
terceirizou todos os serviços do clube, meu amigo foi demitido. Mais uma vez
sinto sua comoção.
- Hoje fico triste por não
estar mais lá. Muita tristeza. Se você nunca viu um homem chorar, deveria ter
me visto no dia em que assinei meu desligamento com o clube. Isso acabou comigo,
declara visivelmente emocionado.
Neste momento pergunto se
ele quer dar um tempo para se recuperar. Ele continua com a voz triste e sinto
o choro preso na garganta. Definitivamente um guerreiro de extremo valor.
- Daí fiz a maior loucura
pelo Clube. Chamei o Peter de safado e disse que ele não tinha amor ao
Fluminense e não era tricolor. Ele não sabia nem o caminho da sua sala,
desabafa.
Alguns minutos depois, ele
diz que está pronto para continuar e engato o papo falando do lado bom da vida.
- Os últimos títulos me
alegram, as amizades que fiz dentro do clube e o carinho que recebo das pessoas
até hoje são motivos de alegria. Eu era muito respeitado lá dentro e isso movia
meu coração, me fazia bem, diz.
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Seu filhote na sala dos títulos |
E para meu miguxo ser
Tricolor é tudo. "Primeiro a minha
família, depois meu tricolor. É um amor incondicional".
E uma das coisas que mais
o impressiona é a torcida nos estádios
- Quando tem jogos do
Fluminense e a torcida começa a gritar eu fico igual criança de boca aberta e
olhando tamanha alegria. Nem consigo torcer direito. Aquela paixão que sinto no
meio da torcida é coisa de louco. E eu tiro o chapéu para o que elas fizeram
naqueles jogos da Libertadores. Nunca vi algo tão maravilhoso. Isso é inesquecível,
afirma.
Sobre o amor de pai para
filhos e netos, ele diz que nunca obrigou nenhum deles a torcer pelo tricolor.
Tudo aconteceu naturalmente.
- Levava meu filho para o
clube na época em que trabalhava lá e ele foi se apaixonando. Tempo atrás o
clube vendia umas fraldinhas com o escudo estampado e eu sempre comprava pra
ele. E cresceu assim, assistindo aos jogos, torcendo comigo, comenta.
E quando pergunto qual o
seu maior sonho para seu Fluminense ele responde sem titubear: “ter um estádio
para chamar de nosso e conquistar uma Libertadores”.
Carlos deseja que o nosso
escudo seja conhecido mundialmente para que todos saibam que aqui no Rio de
Janeiro existe um time que carrega consigo as cores mais bonitas que poderiam
existir: o verde, branco e o grená.
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Carlos e seus dois amores, o filho e o neto |
Miguxo foi uma honra a nossa
entrevista. Essa é minha singela homenagem a um tricolor tão apaixonado e que
eu amo tanto.
Créditos das fotos:
Arquivo Pessoal
Parabéns,belo texto lindo e emocionante 👏👏👏👏
ResponderExcluirParabéns,belo texto lindo e emocionante 👏👏👏👏
ResponderExcluirO Miguxo vai vendo, ainda irei ver você de volta às Laranjeiras!!!!!
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