segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Força Flu a paixão de toda a vida





Julio e a alegria de estar em família
Julio Domingues nasceu em berço de pessoas ligadas ao futebol. Seu pai fundou um clube amador, claro que com as mesmas cores do Fluminense, e sua mãe foi integrante da torcida do Palestra Itália (antecessora do Palmeiras) e passou a torcer pelo tricolor quando transferiu-se para o Rio e casou-se com seu pai.

“É claro que não poderia dar em outra coisa, apesar do meu pai jamais ter me obrigado a nada. Creio que, a partir do instante em que eu tive algum discernimento, já me vi tricolor”, diz ele.

Seu grande companheiro e maior referência sempre o pai. “Depois que ele partiu, passei a fazer parte dos movimentos do clube e comecei a ver os jogos com os amigos”, conta.

E foi o seu querido pai que o levou para assistir ao primeiro jogo do Fluminense, no ano de 1964. Era uma partida contra o Vasco com vitória do tricolor por 3 x 1.

“Lembro como se fosse hoje que Castilho fechou o gol e ele me influenciou muito na hora em que decidi ser goleiro, embora de handebol. Fomos acompanhados pelo zelador do prédio onde morávamos também tricolor e amigo de papai”, recorda.

Primeira carteirinha da Força Flu feita em 1970
Alguns anos depois, por volta de 1970, ele tomou a escolha que considera “a mais acertada” ao escolher a Força Flu para ser a sua torcida organizada de coração. Com apenas doze anos tornou-se sócio da “Organização e Torcida” que trazia o Zenildo como presidente e, logo depois, o GB.

"O primeiro, advogado e o segundo, diplomata, o que marca um pouco da diferença do movimento de torcidas. A nossa disputa era para conseguir desfraldar um bandeirão ou pegar um saquinho de talco. Doce ingenuidade", comenta.  

Julio, seus amigos e fundadores da Força Flu
E as lembranças desta época de ouro são inúmeras, como ter assistido a final do campeonato paulista, em 1974, na companhia do Valmir (irmão do Valter), Alfredão e Filipinho.

“Fomos às sedes da Gaviões da Fiel e da TUP, colocamos a faixa da Força na arquibancada do Morumbi, dei entrevista e tudo; mal sabíamos que seria o último  jogo do Rivelino lá e depois o teríamos no Fluminense, o maior jogador que vi atuar no clube” revela.

E a estreia do Rivelino ocorreu num sábado de Carnaval e Julio havia viajado com a família para aproveitar o feriado prolongado. Com dezesseis anos, pegou uma carona de ônibus para estar no Maracanã.

“Não pensei duas vezes e voltei ao Rio para ver o jogo, dormi na casa de um amigo e no dia seguinte retornei para o hotel, onde meus pais imaginavam que eu estivesse o tempo todo”, confessa.

Estreia de Rivelino com a Camisa Tricolor - Foto Agência Estado
E com muita emoção me conta do dia em que ele e integrantes da sua torcida entregaram uma placa ao, então presidente, Francisco Horta no gramado do Maracanã, no jogo contra o Bayern de Munique.

“Na mesma época tive a honra de trazer D. Helena Lacerda para a torcida, na condição de madrinha. Ela só se foi depois que eu não dirigia mais a Força. Saiu para fundar a Fiel” diz com carinho.

O prazer das Caravanas

A primeira viagem que Julio fez foi com seu pai, em 1970, para Belo Horizonte para assistir a uma partida contra o Cruzeiro, pela Taça de Prata.

“Posteriormente organizei várias, pelas empresas Beltour e Normandie e o engraçado era que eu, ainda menor, tinha que deixar um cheque caução do meu pai. Comprávamos as camisas, para revender, na Rua Teresa em Petrópolis e o "talco" na Loja Magnesita em Bonsucesso”, diz ele.

O Fluminense deu a ele muitas alegrias; porém talvez tenha vibrado mais em 69, 71 e 73 e depois em 2005, com o estadual, porque participou diretamente da organização do elenco e do futebol como um todo, quando era Vice-Presidente Geral do clube, o maior orgulho de sua vida.

“Como diz a propaganda, o que não tem preço são as amizades que fiz com as pessoas que convivi, especialmente em 2005,  no futebol, desde os integrantes da Comissão Técnica, da Secretaria, do Departamento Médico, roupeiros, massagistas, seguranças, jogadores, relacionamentos que preservo até hoje, sem falar nos demais setores do clube, Conselheiros, Dirigentes e Associados” afirma Julio.

E é claro que seu humor varia de acordo com o resultado do jogo do final de semana, principalmente em clássicos. “Minha semana já começa mal”, diz.

A pior derrota? “A final da Copa Libertadores foi muito dolorida, assim como a perda da Copa do Brasil contra o Paulista e aquela semifinal contra os Gambás”, comenta.

Mudança de hábitos

Dos anos setenta para hoje, muita coisa mudou no que diz respeito ao futebol. Julio diz que é do tempo dos jogos para mais de 150 mil pessoas, no velho Maracanã. E ele fala deste tempo com saudosismo.

“Havia brigas, e como havia, mas na mão e depois íamos tomar uns chopp juntos. Lembro que uma vez pegamos todas as peças de bateria da Torcida Folgada, lá no lado deles, na porrada, e as levamos para nossa sala: depois o Fernando, chefe deles, pediu arrego e devolvi tudo, conta com uma pontinha de orgulho.

O Amor de uma vida inteira
Pergunto o que é ser um torcedor e ele responde:

“É aquele que não precisa ter razão ou lógica; que vê sempre pênaltis a nosso favor e nunca contra nós; que corneta um jogador e depois o idolatra após o inesperado gol da vitória; que parece ser o melhor amigo de quem está ao seu lado, apesar de não saber o nome e provavelmente nunca mais ver. É assim, o maior patrimônio do clube" exalta Julio. 

Para ele é importante saber escolher seu time de futebol e diz estar bastante satisfeito com sua opção.

“É o amor de uma vida inteira sem se importar com os maus momentos”, finaliza.


2 comentários:

  1. parabéns, lendo suas reportagens com esses tricolores de quatro costado, nos recordamos muitos momentos vividos por nós nas arquibancadas do brasil. Somos fluminense desde 1902. mesmo antes de termos nascido. lembrei do show do Riva em sua estréia, carnaval no maracanã, só o fluminense com essa vocação de vanguarda para nos proporcionar um show como naquela tarde. S tc bjs menina e abraço força Flu

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