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Ele em pleno Maracanã com os amigos |
Meu amigo Celso Mendes me conta uma história diferente e
interessante. Ele se apaixonou pelo Fluminense de uma maneira completamente
diferente. Inverso a todo aquele amor que sentimos.
“O primeiro jogo que assisti ao lado de meu pai foi um Fla x
Flu. Era semifinal de um Campeonato Carioca, e me deparo com aquela festa linda
da torcida Tricolor e achei a do outro time tão sem graça. Fui por gostar de
futebol. Tinha 12 anos de idade e tinha um pai Flamenguista. No próximo jogo
pedi a ele que ficássemos meio a meio e a partir disso eu nunca mais voltei
para o lado do meu pai. Na verdade, vamos deixar claro que jamais fui
flamenguista. Ele me levava aos jogos e deu-me a opção de escolher o meu time.
Nem nunca me deu camisa para usar” recorda.
No segundo jogo ele ousou e foi escondido. De geral e me faz
recordar daquela época em que a gente sempre dava um “jeitinho” de pular para
as arquibancadas e isso o aproximou de muitos torcedores de Torcidas Organizadas.
Ele já tinha contato com alguns torcedores e ele aprendeu a se virar
E ele diz que seu primeiro clássico foi chato: “Estava do outro lado e não podia fazer nada”, diz.
E vamos aos títulos
inesquecíveis. O dele é o de 1995. Ele na arquibancada e o Flamengo empata fato
que o deixou bastante chateado a ponto de
ir embora.
O detalhe é que ele não viu o gol de barriga do Renato Gaúcho
e ao decidir sair do estádio antes do fim da partida, pegou um táxi e ao observar
sua
expressão de pesar logo perguntou:
- Porque está triste rapaz?
Respondi que pelo fato de perder o título.
- Escuta aqui o Luiz Penido dizendo que o Fluminense é
Campeão Carioca.
“Imediatamente mudei meu jeito de agir veio uma euforia e
amor. Aquele último segundo da sua vida e vem o gol. Pedi para voltar ao
Maracanã e acho que foi uma das maiores festas que já fizemos. Uma coisa me
marcou desta experiência foi não ter acreditado até o final, coisa que sempre
fiz e neste não consegui e depois daquele dia acredito até o último segundo.
“Minha percepção é outra agora.”
Muita alegria e pesar
A Final da Libertadores foi a mistura de sentimentos , de
alegria e pesar, ao mesmo tempo. Um sonho por participar da maior festa feita
por nossa torcida no Maracanã. Nunca nenhuma outra organizada fez algo
parecido. Pesadelo por perdemos da forma que foi. Os melhores jogadores do
Fluminense perderam os pênaltis, coisa que seque passava por nossas mentes.
Nesta época Celso era presidente da Torcida Garra Tricolor e
fez um bandeirão com a bandeira do Japão escrito “Eu Vou”.
- “Ter que voltar com ela para casa doeu. Ela está guardada até
hoje”, diz.
Para ele um torcedor de arquibancada é aquele que vai ao
estádio levar amor pelo time, que está pensando unicamente no jogo num clima de
paz. Aquele que está com um monte de problemas e quando entra no estádio
esquece tudo e se contamina com aquele espetáculo grandioso. É algo que apaga
tudo. Quer apenas torcer e levar alegria para as pessoas. Fazer aquela união das
torcidas impulsione o time. Muita gente não gosta de Torcidas Organizadas e
insistem em usar a tarja de marginal.
“Pois eu te digo que tenho 38 anos de organizada e nunca fui
preso, nem problemas com violência; nunca usei drogas e nem roubei ninguém.
Este é um problema da sociedade. Tudo depende de suas escolhas e elas podem
cair para o lado bom ou o ruim. Eu quero o lado bom, o social. Sempre fui
ligado a esse recorte social, de projetos para ajudas a população carente,
trabalho voluntário que desenvolvi como presidente da Garra”, explica.
E essa vocação de ajudar ele carrega de menino. Por volta dos
12 anos, decidiu ajudar o mundo e tornou-se um líder em sua rua. Seu olhar já
era acurado e com um viés social.
“Via os mendigos, as crianças, a rua era violenta. Quis fazer
daquele pedaço algo bom para todos. Sabia que era possível. Já tinha a
percepção da inclusão. Pegava comida em casa e levava para os moradores de rua.
Pedia auxílio dos vizinhos para podermos fazer comida para todos ou a doação de
cesta básica ou brinquedos. E isso não é muito. Eu acho que faço pouco perto do
que precisa ser feito. Por isso decidi me candidatar a vereador pelo PDT. Pra
mim a política tem que ser feita para ajudar o povo e não ser usado para si próprio.
Quero beneficiar o povo, os que passam situação de miséria”, diz com uma expressão
preocupada.
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Muitas doações |
“Não quero ser um político e sim uma voz do povo. Quero ir
aos lugares, olhar as verdadeiras condições, ver a realidade de perto” pontua..
Voltamos ao futebol com uma lembrança do Celso sobre coisas
loucas que fazemos pelo Fluminense sem pensar duas vezes como viajar sem
dinheiro para voltar; uma viagem ao Acre para ver o Fluminense, uma viagem de
sete dias; Capotou de ônibus voltando de Caxias Sul.
Foram 15 anos seguidos de caravana. O que o travou foi seu
casamento. Inclusive o encontro do casal aconteceu dentro do ambiente dos
estádios.
“Um belo dia nos aproximamos e teve aquela afinidade imediata
e estamos juntos há 12 anos. Temos uma filha linda que também é tricolor, Ana
Beatriz. Ela é doente”, diz o pai orgulhoso.
E ele me conta uma história sensacional sobre a nossa bela tricolorzinha :
“Ela nasceu dia 5 de outubro e o Fluminense foi campeão dia 5
de dezembro de 2010. Em 2012 ela é campeã de novo. Resumo da história, a
fadinha tem dois títulos com cinco anos e eu demorei mais de 30 para ver dois. Primeiro
jogo dela foi naquela goleada que o Fluminense deu no São Paulo. Ela vibra,
assiste jogos comigo em casa. Bem criada” conta.
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Celso e sua fadinha. Amor de sangue |
E pergunto a ele:
Traduz o que é ser Tricolor?
“Ser Fluminense é a melhor coisa do mundo. Eu vivi e vivo em
cima de fluminense, não do Fluminense. Ninguém pode falar nada sobre minha
conduta dentro do clube. Não estudei o que precisava. Costumava matar aulas
para ver os treinos e jogos. Minha vida”, diz.
Futebol é paixão e uma ótima ferramenta de inclusão, principalmente
com as crianças e o Fluminense usa pouco isso, comenta Celso. E por isso comenta
a respeito de intenção do Ministério Público em acabar com as torcidas
organizadas em todo o país.
“Querem acabar com nossa paixão, com a festa, com nosso movimento.
Então é preciso lutar por essa causa mais do que relevante. Quero brigar, bater
de frente, defender e tirar a cadeira que fica atrás do gol. A torcida gosta de
pular, festejar, cantar. Na Europa a mídia exalta as festas dos grandes clubes
e aqui não podem. O futebol tem que voltar a ser do povo. Essa elitização é
desastrosa”, classifica.
E tem o Estatuto do Torcedor:
“Não foi feito para o torcedor e nem mesmo chega a ele. Colocam na internet e você que se vire. E com
aquelas palavras que a maioria não entende. Ele deve ser simples para que todos
compreendam cada ponto ali colocado. Penso num cadastro único de torcidas de
todo o país para que a Polícia Militar, que trabalha muito bem com o GEPE, para
saber quem faz parte. Faço parte de um movimento só que do lado bom dele, levo o
lado bom. É uma mácula e uma oxigenação agora é de extrema importância
Celso tem por objetivo levar o nome do Fluminense para todo o
lugar. Muitos planos de incluir a torcida dentro do lado social da sociedade.
Uma participação mais efetiva das torcidas em ações diversas ações.
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Homenagem feita pela Garra ao menino Thiago |
“Na Garra fizemos um trabalho muito significativo. Abrangeu
um grupo grande de pessoas e que me emocionou por demais. Doamos colchões para
diversos moradores de rua, distribuímos sopão e quentinhas”, assim é o meu
jeito de ver o mundo.
E uma historia linda de viver. A do menino Thiago que teve
sério problema de medula óssea e que graças a Deus está curado, um tricolor
desses apaixonados mesmo e a Garra abraçou a causa. Como ele não podia ir ao
Maracanã, imprimimos um monte de fotos dele e cada um as segurou durante a
partida. Foi um momento emocionante que ficará marcado na minha lembrança para
sempre....
Boa Sorte meu amigo!!!!
Saudações Tricolores!!!!