terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A história de amor entre a poetisa e o goleiro


Quadro do casal faz parte do acervo do Museu Histórico Nacional
Foi num jogo no gramado das Laranjeiras que a jovem Ana Amélia caiu de amores pelo goleiro Marcos de Mendonça. O sentimento foi tão intenso que resultou num de seus mais belos poemas publicados:

“Ao ver-te saltar para um torneio atlético, sereno, forte, audaz como um vulto da Ilíada, todo o meu ser vibrou num ímpeto frenético. Como diante de um grego, herói de uma Olimpíada. Estremeci fitando esse teu porte estético, como diante de Apolo estremecera a dríada, Era um conjunto de arte esplendoroso e poético, enredo e inspiração de uma helioconíada, No cenário sem par de um pálido crepúsculo tu te lançaste no ar, vibrando em cada músculo, Por entre as aclamações de massa entusiástica. Como um Deus a baixar do Olimpo, airoso e lépido, tocaste o solo, enfim, ardente, intrépido, belo na perfeição da grega e antiga plástica”.


Marcos com uniforme tricolor
Tudo bem que o porte atlético do rapaz contribuiu para que a moça se tornasse presença assídua nas Laranjeiras, mas ela já era apaixonada por futebol desde os seus treze anos. Foi quando voltou de uma viagem pela Europa trazendo na mala livros de poesia e algumas bolas de futebol transformando-se, então, numa incentivadora do esporte. E ela mandou ver e foi treinar com os operários da fábrica de seu pai. Ensinava o jogo e dava instruções aos rapazes durante as partidas.

Em seu segundo livro "Alma", em 1922, a poetisa introduziu o tema do futebol na poesia brasileira, o que contribuiu para a difusão e popularização do esporte. Pela obra recebeu o título de "primeira mulher brasileira a tratar de futebol". 

Marcos Carneiro de Mendonça foi um historiador, escritor e jogador de futebol brasileiro, tendo jogado no America, Seleção Brasileira e no Fluminense Football Club. Foi o primeiro goleiro da Seleção Brasileira, sendo titular por nove anos, conquistando os campeonatos sul-americanos de 1919 e 1922.

Começou a sua carreira no time do América e estreou justamente contra o Fluminense, clube ao qual dedicaria grande parte de sua vida, ainda em 1910.

Insatisfeito com os rumos do América transferiu-se para o Tricolor em 1914 e ocupou a posição de goleiro titular até 1922. Em 127 jogos pelo Flu, sofreu 164 gols e foi tricampeão carioca em 1917/1918/1919. Foi presidente do Fluminense F.C., conquistando como dirigente, o bicampeonato carioca em 1940/1941.

O Goleiro e a Poetisa: amor eterno
E diante de tanto amor, nosso goleiro não resistiu e casou-se com a adorável Ana Amélia. Definitivamente uma história de amor tricolor com final feliz.